Construir uma cidade antirracista: Vereadora Luana lança “Dez Medidas de Combate ao Racismo Institucional” em SP
A vereadora Luana Alves (PSOL-SP) apresentou, como parte das ações do Novembro Negro, à Câmara Municipal de São Paulo o programa 10 Medidas Para o Combate ao Racismo Institucional. O programa se articula através da construção de dez Projetos de Lei (PL) que abordam diferentes aspectos das dinâmicas institucionais, visando combater o racismo que persiste […]
24 nov 2021, 10:47 Tempo de leitura: 4 minutos, 35 segundosA vereadora Luana Alves (PSOL-SP) apresentou, como parte das ações do Novembro Negro, à Câmara Municipal de São Paulo o programa 10 Medidas Para o Combate ao Racismo Institucional. O programa se articula através da construção de dez Projetos de Lei (PL) que abordam diferentes aspectos das dinâmicas institucionais, visando combater o racismo que persiste no país. Os projetos tem a missão de estabelecer mecanismos de denúncia contra ações racistas, bem como apresentar propostas pedagógicas de enfrentamento à discriminação racial nos setores da saúde, educação, cultura e segurança pública.
Diante do racismo enraizado na sociedade brasileira, é necessário que os órgãos e entidades da administração pública, bem como os estabelecimentos privados da sociedade paulistana, estejam comprometidos com o combate ao racismo. Este compromisso deve expressar-se não apenas na punição de práticas racistas, mas especialmente através do trabalho de conscientização que vise impedir que práticas racistas aconteçam.
Entre os PLs, por exemplo, está o PL 764/2021, que institui a obrigatoriedade dos estabelecimentos comerciais realizarem formação de combate ao racismo para empregados e equipes de segurança privada. A medida foi batizada como PL João Alberto, em referência ao espancamento e assassinato por asfixia de João Alberto Silveira Freitas por seguranças de uma loja da rede Carrefour em 19 de novembro de 2020.
“É um Projeto de Lei fundamental para chamar à responsabilidade a iniciativa privada e os espaços como lojas e comércios onde muitas vezes acontecem casos brutais de racismo. É um PL que fala de formação antirracista na segurança de comércios, tanto das próprias empresas quanto das terceirizadas. A gente não quer que o caso do João Alberto fique em vão. Sabemos que a empresa implicada no caso se comprometeu a fazer alterações, pagou multa, mas não queremos que isso se repita. A gente não pode admitir que as empresas não sejam parte ativa na luta contra o racismo”,explica a vereadora Luana Alves.
O PL João Alberto prevê que os estabelecimentos comerciais ofereçam cursos de formação em relações étnico-raciais, com carga horária de no mínimo 12 horas, a todos os seus empregados e especialmente aos agentes de segurança privada. As diretrizes do curso ficarão a cargo do Comitê de Prevenção e Combate ao Racismo Institucional ou do órgão competente para a temática das relações étnico-raciais no município. O estabelecimento que não comprovar o oferecimento dos cursos ficará sujeito a multa e, em caso de reincidência, poderá perder o alvará de funcionamento.
Mas os PLs se conectam em diversas outras esferas, como pontua a vereadora. “Para além da prevenção, a gente sabe que existem casos de racismo que acontecem, muitas vezes até em grandes comércios varejistas, e que as multas não têm destinação certa. Um dos nossos outros Projetos de Lei é o de criar o Fundo Municipal de Combate ao Racismo, para onde iriam essas multas“, explica a vereadora Luana Alves.
Confira as 10 Medidas Para o Combate ao Racismo Institucional
- Obrigatoriedade dos estabelecimentos comerciais realizarem formação de combate ao racismo para empregados e equipes de segurança privada.
- Obrigatoriedade de formação em relações étnico-raciais e direitos humanos aos Guardas Civis Metropolitanos.
- Criação do Canal de Atendimento para Denúncias de Práticas de Racismo e Condutas Análogas na cidade de São Paulo.
- Obrigatoriedade do ensino de africanidades, história indígena e relações étnico-raciais na educação infantil.
- Formação anual em saúde integral da população negra para os profissionais de saúde do município.
- Criação do Fundo Municipal de Promoção da Igualdade Racial.
- Instituir a Política Municipal de Capacitação de Servidores Públicos em Relações Étnico-Raciais.
- Obrigatoriedade de capacitação dos professores da rede de ensino pública e privada para atuação na promoção da igualdade racial.
- Obrigatoriedade de capacitação aos participantes do Programa Jovem Monitor Cultural, arte educadores e produtores culturais para atuarem na promoção da cultura negra e indígena.
- Criação da Coordenadoria Municipal de Promoção da Equidade em Saúde da População Negra.
SP é Solo Preto e Indígena
A vereadora Luana Alves também é autora do Projeto de Lei no 47/2020, intitulado “SP é solo preto e indígena”, que tem como objetivo a reparação histórica racial na cidade de São Paulo. A proposta busca realizar um levantamento de nomes de ruas, avenidas e rodovias, imagens e símbolos da cidade que homenageiam escravocratas ou/e eugenistas e iniciar um processo de recontextualização desses símbolos e de promoção de referências históricas negras e indígenas que marcam a luta, resistência e construção da cidade de São Paulo.
O projeto determina o alinhamento da patrimônio da cidade com os debates nacionais e internacionais feito por juristas, educadores, historiadores e outros profissionais sobre memória e antirracismo, bem como refletir leis como as 10.639/03 e 11.645/08, que exigem o ensino de História Indígena, da África e da cultura afro-brasileira.
O PL passará pela 2a votação pela Câmara Municipal de São Paulo, que será definitiva para sua aprovação. Conheça mais sobre o projeto SP é solo preto e indígena clicando aqui.