Luana Alves protocola projeto de decreto que declara presidente da Conmebol persona non grata em SP
Alejandro Guillermo Wilson-Smith fez analogia racista ao comparar jogadores brasileiros com macaca; projeto precisa de 37 assinaturas, que já estão sendo recolhidas, antes de ser votado.
19 mar 2025, 16:10 Tempo de leitura: 1 minuto, 53 segundos
A vereadora Luana Alves (PSOL) protocolou nesta quarta-feira (19) um projeto de decreto legislativo que declara Alejandro Guillermo Domínguez Wilson–Smith, presidente da Conmebol, persona non grata no Município de São Paulo. Para que a medida seja aprovada, o projeto precisa de 37 assinaturas antes de ser votado em sessão no Plenário da Câmara Municipal. Assinaturas de vereadores de esquerda, centro e direita já foram recolhidas e a expectativa é a de que antes da próxima sessão, nesta quinta-feira (20), a quantidade seja alcançada.
O motivo da ação é que, durante o sorteio dos grupos da Copa Libertadores, ocorrido em 17 de março, em Luque, Paraguai, Domínguez foi questionado sobre a importância das equipes brasileiras na competição e respondeu que “seria como Tarzan sem Chita”. “Essa analogia entre brasileiros e um macaco não é somente inadequada, ela carrega conotações óbvias que podem ser interpretadas como racistas, o que é inaceitável em qualquer contexto, especialmente em um momento em que o futebol sul-americano enfrenta graves episódios de racismo”, explica a vereadora.
A fala do presidente da Conmebol não é um caso isolado. Pouco antes, o jogador Luighi, da equipe sub-20 do Palmeiras, foi vítima de ofensas racistas e agressão por parte de torcedores do Cerro Porteño e a entidade aplicou uma punição considerada branda: um jogo sem torcida e uma multa de US$50 mil. Essa decisão foi amplamente criticada por clubes, atletas e organizações que lutam contra o racismo.
“É imperativo que se tome uma posição firme contra quaisquer atitudes que perpetuam o racismo ou desrespeitem os clubes e atletas brasileiros. A declaração como persona non grata do Sr. Alejandro Guillermo Domínguez Wilson-Smith constitui um passo simbólico e concreto na defesa dos valores de igualdade e respeito que o esporte deve promover”, pontua Luana Alves, vereadora responsável pela lei “Escola Sem Racismo” e por vários projetos de lei antirracistas, como o “SP É Solo Preto e Indígena”. Além disso, Luana também foi responsável pela primeira cassação de um parlamentar por racismo na história do município, após ouvir falas inapropriadas do ex-parlamentar Camilo Cristófaro durante uma sessão da CPI dos Aplicativos.