“Branca, bonita e rica”: Luana Alves aciona Corregedoria da Câmara de SP contra Cris Monteiro por fala racista 

Após mandar Luana ficar calada, vereadora do Novo demarcou condição étnico-social em resposta a servidores que reivindicavam reajuste; ato de enquadra em racismo e quebra de decoro

30 abr 2025, 16:00 Tempo de leitura: 2 minutos, 31 segundos
“Branca, bonita e rica”: Luana Alves aciona Corregedoria da Câmara de SP contra Cris Monteiro por fala racista 

A vereadora Luana Alves (PSOL) acionou nesta quarta-feira (30)  a Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo contra a também vereadora Cris Monteiro (Novo). A parlamentar do PSOL exige do órgão  que a colega seja investigada e punida pela declaração de que ela ser uma “mulher branca, bonita e rica” seria o real motivo do incômodo dos servidores públicos que se manifestaram em repúdio à posição dela, contrária ao reajuste pedido pela categoria. Segundo Luana Alves, o episódio configurou um ato de racismo e quebra de decoro parlamentar.

A fala foi proferida em sessão plenária nesta terça (29), quando, na tribuna da Câmara, Cris Monteiro dirigiu-se a sindicalistas que acompanhavam a votação do reajuste dos servidores municipais. Durante o discurso, Cris atacou Luana e disse: “Por favor, Luana, calada. (…) Agora, quando vem uma mulher branca aqui, falar a verdade para vocês, vocês ficam todos nervosos. Porque uma mulher branca, bonita e rica incomoda muito vocês”. Em coro, servidores que acompanhavam a sessão das galerias gritaram “racista” após a fala problemática  da vereadora do Novo.

No documento, Luana Alves argumenta que a conduta de Cris Monteiro violou princípios constitucionais como o da igualdade e da dignidade da pessoa humana, além do crime de racismo, que destaca a vereadora, é inafiançável, imprescritível e sujeito à pena de reclusão.

“A representação pedindo a punição da Cris Monteiro está protocolada e a minha expectativa é que a gente consiga uma perda de mandato, é pra isso que eu vou batalhar. É inadmissível, é violento que se faça uma fala dessa. A maneira como ela construiu a frase deixa implícita uma superioridade racial, para mim isso está muito evidente. É uma fala com teor evidentemente racista logo depois de me mandar calar a boca. Eu não admito que isso seja feito na Câmara Municipal de São Paulo não só por mim, que fui vítima da fala dela, mas, principalmente, pela população porque a Câmara é sustentada pelo povo de São Paulo, um povo majoritariamente periférico negro. Eu não admito que na Câmara se faça esse tipo de coisa. A Câmara Municipal já cassou um vereador por racismo, também por uma fala no momento em que eu estava presente, e pelo visto não foi suficiente pros meus colegas aprenderem que isso é inadmissível. Acho que vamos ter que cassar a segunda é racista da Câmara Municipal de São Paulo”, declarou a vereadora Luana Alves sobre o caso.

Em setembro de 2023, o ex-vereador Camilo Cristófaro se tornou o primeiro vereador de São Paulo a ser cassado por racismo na história. Cristófaro também foi denunciado por Luana na Corregedoria após, durante sessão remota da CPI dos Aplicativos em 2022, esquecer o microfone ligado e deixar vazar seu áudio usando a expressão “coisa de preto” de forma pejorativa.