Aprovado PL de autoria da vereadora Luana Alves que obriga formação anual de profissionais da educação para combate ao racismo nas escolas
PL 771/2021 passou em segunda votação e segue para redação final antes da sanção do Prefeito; medida valerá para professores de educação infantil, ensino fundamental e médio.
7 mar 2023, 14:53 Tempo de leitura: 3 minutos, 51 segundosFoi aprovado em plenária na Câmara Municipal de São Paulo o PL 771/2021, de autoria da vereadora Luana Alves (PSOL), determinando que professores das redes pública e privada de educação da cidade recebam anualmente capacitação para promoverem a igualdade racial nas escolas da capital paulista. A vereadora destaca no texto que o PL tem como objetivo “combater, no âmbito das instituições, o racismo que persiste na sociedade brasileira”.
O Projeto de Lei passou na segunda fase de votação. Porém, como o texto recebeu uma emenda, ele segue para a redação final antes de ser encaminhado para sanção do prefeito Ricardo Nunes (MDB). “É um Projeto de Lei fundamental para atacar o racismo estrutural. A educação antirracista precisa vir de base e continuar sendo reforçada ao longo de toda a escolarização”, explica a vereadora Luana Alves.
A capacitação deverá ser obrigatória aos professores que lecionam na educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. A carga horária dos cursos de capacitação deve ser de, no mínimo, oito horas e o Comitê de Prevenção e Combate ao Racismo Institucional ou o órgão competente para a temática das relações étnico-raciais no município será o responsável, em conjunto com a Secretaria Municipal de Educação, pela elaboração das diretrizes do curso e pela fiscalização de seu oferecimento.
10 medidas de combate ao racismo institucional
O PL faz parte do programa 10 Medidas Para o Combate ao Racismo Institucional., apresentado pela vereadora Luana Alves. O programa se articula através da construção de dez Projetos de Lei (PL) que abordam diferentes aspectos das dinâmicas institucionais, visando combater o racismo que persiste no país. Os projetos tem a missão de estabelecer mecanismos de denúncia contra ações racistas, bem como apresentar propostas pedagógicas de enfrentamento à discriminação racial nos setores da saúde, educação, cultura e segurança pública.
Diante do racismo enraizado na sociedade brasileira, é necessário que os órgãos e entidades da administração pública, bem como os estabelecimentos privados da sociedade paulistana, estejam comprometidos com o combate ao racismo. Este compromisso deve expressar-se não apenas na punição de práticas racistas, mas especialmente através do trabalho de conscientização que vise impedir que práticas racistas aconteçam.
Confira todas as 10 Medidas Para o Combate ao Racismo Institucional:
- Obrigatoriedade dos estabelecimentos comerciais realizarem formação de combate ao racismo para empregados e equipes de segurança privada.
- Obrigatoriedade de formação em relações étnico-raciais e direitos humanos aos Guardas Civis Metropolitanos.
- Criação do Canal de Atendimento para Denúncias de Práticas de Racismo e Condutas Análogas na cidade de São Paulo.
- Obrigatoriedade do ensino de africanidades, história indígena e relações étnico-raciais na educação infantil.
- Formação anual em saúde integral da população negra para os profissionais de saúde do município.
- Criação do Fundo Municipal de Promoção da Igualdade Racial.
- Instituir a Política Municipal de Capacitação de Servidores Públicos em Relações Étnico-Raciais.
- Obrigatoriedade de capacitação dos professores da rede de ensino pública e privada para atuação na promoção da igualdade racial.
- Obrigatoriedade de capacitação aos participantes do Programa Jovem Monitor Cultural, arte educadores e produtores culturais para atuarem na promoção da cultura negra e indígena.
- Criação da Coordenadoria Municipal de Promoção da Equidade em Saúde da População Negra.
Sobre Luana Alves
Luana Alves é feminista negra e trabalhadora da saúde. Tem 28 anos, nasceu em Santos, no litoral paulista, e é psicóloga, formada pela Universidade de São Paulo (USP), onde se especializou em Saúde Coletiva e Atenção Primária, atuando em Unidades Básicas de Saúde da Zona Oeste de São Paulo. Na Universidade, Luana foi parte ativa da luta que conquistou a adoção de cotas étnico-raciais e sociais na USP. Luana atua na Rede Emancipa, um movimento social de educação popular nacional que, nas periferias de São Paulo, organiza dezenas de cursinhos pré-universitários gratuitos que proporcionam o acesso de milhares de estudantes de escola pública à universidade. Aceitou o desafio de ser uma porta-voz das lutas antirracista, feminista, antifacista, das periferias, das LGBTQIA+, e em defesa da educação pública e do Sistema Único de Saúde (SUS) integral, gratuito e universal. Hoje Luana é vereadora eleita pelo PSOL em São Paulo, com 37.550 votos.