Manuel de Borba Gato foi um bandeirante que, em nome da expansão das fronteiras da colônia portuguesa no século XVII, assassinou vários grupos indígenas brasileiros, estuprou mulheres, perseguiu e escravizou pessoas indígenas e negras. Um genocida, racista e terrorista com uma extensa ficha criminal, que recebeu uma estátua de 10 metros de altura, em sua homenagem, no bairro de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo.
Desde então, muitos atos de desagravo à essa absurda homenagem acontecem no local. Desde os movimentos sociais, negros e indígenas, à técnicos de preservação do patrimônio, juristas, historiadores e outros profissionais defendem que a história deve ser contada como ela realmente foi, e não com homenagens em praça pública aos algozes do povo brasileiro. Conheça o projeto SP é Solo Preto e Indíngena.
Nós, abaixo-assinados, defendemos a substituição da estátua de Borba Gato, em Santo Amaro, pela estátua de Tereza de Benguela. Rainha Tereza foi uma mulher negra escravizada que se tornou líder quilombola. No século XVIII, enfrentou os genocidas e escravocratas para acolher e defender negros e indígenas perseguidos e escravizados, até ser morta pelo Exército Colonial em 1770. O Quilombo do Piolho (também conhecido como Quariterê), abrigava mais de 100 pessoas, sendo este apenas uma das diversas experiências de resistência afro-indígena do nosso país. Tereza de Benguela ficou eternizada como símbolo da força das mulheres deste território, relembrada nacional e internacionalmente no dia 25 de julho, dia das mulheres negras, latinas e caribenhas.
Recentemente, a prisão política de Paulo Galo, trabalhador de aplicativo e líder dos Entregadores Antifascistas, e sua companheira Gessica, sob acusação de serem responsáveis pela ação direta ocorrida na Estátua de Borba Gato, levantou novamente esse assunto. No lugar das autoridades abrirem o debate sobre homenagens a terroristas e genocidas, estão reforçando a história de racismo e encarceramento. O Estado que homenageia o assassino Borba Gato, é o mesmo que encarcera quem luta pela memória das vítimas desse genocídio.
Por isso, a necessidade de colocar este debate no seu devido lugar: se trata de falar da vida do povo trabalhador que construiu esse país nas costas e não aceitar mais que os assassinos do nosso povo sejam homenageados em praça pública.